Sinto-me
constrangido a refletir sobre esse tema, pois vemos coisas, para mim,
de nenhum ou pouco valor sendo super valorizadas e coisas preciosas
sendo rebaixadas. Vemos exigências que passam pelo bolso como ‘a
única forma’ de se conseguir o que vale mais. Ou melhor, de se
reparar, de se punir quem tinha prá dar e negou. Não é por acaso
que existe a magnificada e tão idolatrada frase: “O ser humano só
faz as coisas quando mexe no seu bolso”. Quando mexe no coração,
talvez! Quando mexe na família, às vezes, quando mexe na
auto-estima, reconhecimento, de vez em quando. Mas quando mexe no
bolso, ou tudo aquilo que ele está proporcionando, Deus nos defenda!
Esses
dias foi vendido a única das quatro versões de "O Grito",
de Edvard Munch, que permanecia na mão de colecionadores
particulares, foi vendida em Nova York, por US$ 119,9 milhões (cerca
de R$ 230,5 milhões). Esse valor é recorde e supera os US$ 106,5
milhões (R$ 204,8 milhões) de "Nu, folhas verdes e busto"
de Pablo Picasso. Não é uma crítica a arte, contudo o senso de
avaliação, em espécie, atribuído a ela me deixa indignado! Será
que a realidade dos GRITOS dos
excluídos, dos explorados, dos abusados, dos aliciados, dos
enganados, dos injustiçados, dos menosprezados, dos esquecidos, dos
abandonados, dos condenados não deveria ser mais bem avaliado? Será
que algumas das imagens dos citados acima não dariam uma prova maior
dos nossos dias? Não deveria ‘sofrer’, sofrer a propósito, uma
avaliação e ter quadros pintados por nossos artistas, nos nossos
museus etc.? Depois serem vendidos, de preferência por boas
quantias, para posteriormente ‘mudar’ a historia dos personagens,
que seriam, novamente, retratados na sua nova vida? Já pensamos em
quanto R$ 230,5 milhões faria na vida de muitos? Por favor! Para
a minha perplexidade, uma xícara de chá da cantora Lady Gaga ,
com direito a assinatura e marca de batom, foi leiloada na internet
por mais de R$ 144 mil para ajudar as vítimas do tsunami no
Japão. Por
que não ajudar as vítimas, por serem vítimas? Ah,
uniu o útil ao agradável! Mas quem disse
que eles têm que andar sempre juntos? Às vezes fazer o útil, o
certo, não tem nada de agradável. A venda do Dente
de John
Lennon arrematado pelo canadense Michael
Zuk por
US$ 31 mil, equivalente a R$ 54 mil. O Lenço
sujo de Scarlett Johansson vendido por US$
5.300 (R$ 9 mil) para a caridade. Os fios
de cabelo do cantor teen, Justin Bieber arrecadaram US$ 40.668 (R$ 71
mil), que foram destinados a entidades protetoras de animais.
O Chiclete
mascado de Britney Spears leiloado
pelo site eBay pela quantia de US$ 14 mil (R$ 25 mil). A Guitarra
de Kurt Cobain, Fender Mustang
usada pelo músico durante sua primeira turnê pelos Estados
Unidos, que
mesmo toda quebrada e remendada com fita crepe, foi arrematada por
US$ 100 mil (R$160mil). Sinceramente essa forma de avaliar as coisas
me deixa apreensivo. Talvez tudo isso tenha a ver com o valor
sentimental! Sentimento por pessoas e ou coisas dessas pessoas, que
às vezes nem conheciam esses sentimentais. Sentimento
sem racionalidade, sem uma sadia espiritualidade, menospreza o valor
do homem. Uma
espiritualidade sadia considera a razão, não despreza a emoção,
mas avalia o homem pelo que ele é. Não
pelo que sente ser ou pensa que é. Uma espiritualidade sadia avalia,
ou deveria avaliar o homem, pelo que ele é, não pelo que possui.
“... porque a vida de um homem não consiste na abundância dos
bens que possui.” Uma
espiritualidade sadia não coloca as coisas no mesmo patamar que as
pessoas. Melhor que as coisas de Deus é o próprio Deus! Melhor
que as coisas das pessoas é a própria pessoa! Melhor
que as coisas das pessoas, é o que elas significaram para nós.
Como
nós avaliamos a vida (pessoas/coisas)? Por quanto avaliamos? Quanto
estamos dispostos a pagar por ela? Se tivéssemos, pagaríamos os
mesmos valores pelas coisas supracitadas? Se sim, nós não sabemos
avaliar a vida. Se não, onde estamos investindo os nossos recursos?
Não basta não fazer o errado, precisa-se fazer o certo! Às
vezes criticamos os outros que estão fazendo as coisas do jeito
delas, mas não fazemos o que se deve fazer.
A
vida tem um valor inestimável! Está escrito: “Não atentando nas
coisas que se vêem, mas nas que não se vêem. Porque as coisas as
que se vêm são temporais, e as que se não vêem são eternas.”
Para mim o valor inestimável da vida está na sua ‘invisibilidade’
e eternidade, que devem co-existir. Esses aspectos podem se mostrar
na visibilidade e temporalidade, porém não podem ser confundidos.
Claro que podemos ver num objeto, pertencente a alguém, ‘coisas’
invisíveis. O seu amor, por exemplo. Contudo aonde está a
eternidade se o objeto se acabará. Logo, o nosso amor tem que ser
baseado nas lembranças, nos vínculos e na essência eterna dos que
existiram. A vida tem um valor inestimável! Talvez a melhor forma de
avaliar uma vida é saber que, o valor de uma vida só é
medido por outra vida! Ninguém tem maior amor que
este, de dar a sua vida em resgate por outra vida. Avaliemos
sempre as pessoas e as coisas a partir de nós mesmos, nos colocando
no seu lugar. Procuremos ter uma visão panorâmica. Depois nos
aprofundemos, pondo Jesus no nosso lugar. Será que ele faria,
avaliaria dessa forma? Que Deus nos abençoe!
Pr.
Vanilson Alcântara
É ,o ser humano deveria ser mais valorizado.
ResponderExcluirMas infelizmente não se vê isso por aí.
Coisas estão sendo mais importantes do que pessoas. Terrível!!
Parabéns Pastor, por esta postagem!
É Pastor, felizmente até no nosso meio existe preconceito. Por exemplo: No nosso meio existe o grupo "A" "B" e "C" e dizem sermos irmãos.
ResponderExcluirPor que o tratamento não é igual para todos?
O que jesus faria hoje com tantas divisões dentro da igreja, se nós somos todos um só corpo?
Dirceu
Eu concordo plenamente, mas infelizmente é assim, ñ deveria mas fazer o que??? Precisamos enteder que somos um só corpo...
ResponderExcluirSilvinha
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBelo texto, Pastor. Uma sábia reflexão.
ResponderExcluirEu penso que tudo que tem valor, merece ser valorizado. A arte merece grande valor por ser arte. Mas arte como muita coisa tem sido supervalorizada e, lamentavelmente, em muitos aspectos.
Os leilões citados chocam pelos valores exorbitantes pagos por algo que tem valor, mas passa muito inferior do preço desembolsado. É possível alegação de valor artístico, histórico e sentimental. Tudo bem. Tem lá sua relevância, mas o quanto é relevante o valor humano?
Tudo gira entorno do ter. E só tem quem pode. Tudo gira ao redor do poder: “Eu tenho um Picasso porque eu posso”.
Empregar dinheiro para o bem comum evidencia o indivíduo, mas por um tempo apenas. O dono da guitarra de Kurt, será sempre o dono da guitarra de Kurt. Ter vale mais do que ser doador de uma grande quantia para qualquer tipo de instituição de assistência a qualquer tipo de carente.
Ter é mais do que ser. O ser importa se se é poderoso. De outra forma, ter, ter, ter.
E isso me lembra uma conversa que tive há pouco tempo sobre o valor da vida. A vida é pouco considerada. Viver só vale se tivermos posses. Para alguns a vida vale o quanto elas têm em suas contas bancárias.
A vida tem valor espiritual. E esse valor tem sido esquecido mesmo em nosso meio.
Na conversa que tive, disseram que “a vida tem o valor da vida de Cristo porque ele morreu por nós”. Sim. Isso é muito importante. Ele morreu por nós. Mas o sacrifício de Jesus, de meu ponto de vista, não foi morrer por nós. Enquanto homem, morrer seria natural.
Minha vida tem o valor da vida. Do percurso de Cristo na terra. Do cumprimento total da profecia e, em especial, de todo o sacrifício e toda dor que o levaram à morte naquela cruz. Foi vivo que Ele demonstrou o quanto nos amava.
Hoje, até creio que alguém morra por outra pessoa. Até por impulso. Sem pensar muito. Mas sofrer por alguém? As pessoas só se sacrificam por dinheiro. Por poder.
Poder segmenta. E vivemos num tempo de segmentação. Poder, colocação, evidência, dinheiro e sexo. Já faz muito tempo que essa é a Lei.