Abraço de cobra

 

             O abraço é uma das coisas mais gostosas da vida. Concorda? Principalmente se for dado por alguém que nos ama de verdade; e que consegue perceber e expressar os sentimentos. Ele é muitas vezes recomendado como terapia. Pense no abraço entre uma mãe e seu filho recém nascido! Num abraço entre um pai e seu filho pródigo! Num abraço entre dois amigos fies! E entre um casal apaixonado! Para você ver, existe vários grupos que ficam nas ruas oferecendo um abraço. Alguns colocam um letreiro dizendo: Abraço grátis. Muitas pessoas saem renovadas. Salvo engano, também já vi um lugar onde se vendiam um abraço. Mais quanto custa um abraço? Na verdade, quantos de nós já desejamos um abraço; e ele, infelizmente não chegou? Quantos de nós ficamos com medo de estarmos sendo abraçados por uma cobra. Quem sabe estou com uma Anaconda, Píton, Jibóia ou uma Sucuri, as maiores cobras conhecidas. Algumas chegam a mais de 10 metros. Ah, dizem que uma das melhores formas de escapar delas, é enfiar o dedo bem nos olhos delas. Pense?! Eu não quero esta experiência. Mas o que seria um abraço de cobra? Levando em consideração que nós não toparemos com nenhuma dessas bichas reais.

            

             Tomando como exemplo essas feras acima: elas dão o bote, seguido de uma mordida bem forte, para segurar a vítima; abraçam (se enrolam) para sufocar ; mata por asfixia , depois quebra todos os ossos para engoli-la. Um abraço de cobra, seria um abraço com intenções bem definidas. Mas qual abraço não tem alguma intenção? Nenhum, eu diria. O problema não está em ter ou não intenção. Mas em qual é a intenção. O abraço de cobra tem a intenção de matar, roubar e destruir. Conhece a origem dessas intenções? Claro que aqui não há nenhuma crítica a esses animais, pois eles o fazem quando estão com fome. É tanto que, depois de um almoço legal, elas ficam inofensivas.

           

            Eu, às vezes brincando digo: você me apertou sem me abraçar! O abraço de cobra, necessariamente, não precisa ter um abraço literal. É muito mais, atitudes, insinuações ou palavras que nos abraçam (sufocam) com o propósito de nos matar. Pense quando a serpente disse à mulher: “Você não morrerá. Ele sabe que se você comer se tornará igual a Ele”. O abraço de cobra, começa aparentemente, com boas intenções. Depois vem o resultado. A princípio é gostosinho. Mas vai apertando, apertando até sufocar. Outra característica do abraço de cobra, é que ele é bem sutil, sorrateiro. Chega sem você perceber. Quando você percebe, já teve o bote e possivelmente foi mordido. Grande é a luta. Por falar em luta, pense como escapar de uma bicha dessas! Bem assim é esse abraço. Você fica totalmente preso. Posso dizer, figuradamente, que você deseja esse abraço, mas ao mesmo tempo repudia; pois sabe que é para o seu mal. Cuidado com os abraços que te imobilizam, sufocam, te asfixia e que podem te matar. O propósito do abraço é gerar vida, é transmissão de calor, é demonstração de amor, é cumplicidade sadia e altruística.

            

             Não precisamos ter medo, mas cuidado, vigilância. Não andarmos em lugares que são propícios de cobras; muito embora às vezes elas então no nosso habitat. Procurar descobrir as intenções dos abraços; ficar em espírito, para sentirmos espiritualmente. Perceber as características do abraço de cobra; e reagir imediatamente, antes de morrermos. Quem sabe enfiar os dedos nos olhos dela. Ou seja, olhar olho no olho; apontar o dedo de profeta; buscando e dizendo os propósitos de Deus.

  

             O abraço de cobra não deve ser jamais praticado por um cristão. Um cristão deve abraçar sim, e muito; mas nunca com a intenção errada. Para mim, não podemos abraçar alguém quando gostaria de ‘matá-la’ e persistimos nessa intenção. Nessa situação, es tá tudo errado. Contudo, quando infelizmente, acontece alguma coisa que desperta em nós intenções erradas, mas nós rejeitamos essas intenções, nos arrependemos e decidimos amar, o abraço pode ser praticado. Ele será forte, mas não sufocante; ele romperá com os cordéis da morte e gerará a vida.

Pr. Vanilson Alcântara