Não Torá, na tora

            Torá é a lei judaica. De forma especial o Pentateuco. Na tora, algo que é feito de forma forçada. Não torá, na tora; é a forma como muitas pessoas estão entendendo os planos para suas vidas. Ou seja, se Deus não me der pelos meios próprios, providência, eu faço acontecer. Gostaria de pensar em Torá como toda a lei de Deus. Paulo escreve aos romanos e diz que a lei é: “santa, e o mandamento santo e justo e bom”. Na tora é a forma abrupta, rebelde e resistente de se fazer, conseguir ou ser alguma coisa. O homem por sua impaciência, sua teimosia e ilusão; quebram as leis de Deus e, por conseguinte, trazem sobre si e sobre os seus, conseqüências intermináveis e desastrosas. É melhor obedecer a Torá, do que fazer as coisas na Tora.

            Como exemplos desta verdade, temos desde o princípio, o exercício, o mau uso da ‘liberdade’, promovendo escravidão. Adão e Eva queriam na tora, se tornarem iguais a Deus. Na verdade eles já eram. “Façamos o homem segundo a nossa imagem e semelhança”. As conseqüências das suas ações, ‘na-toralmente’, são sentidas até hoje. Abraão e Sara forçaram a barra para cumprirem a promessa de Deus. Até hoje os irmãos não se entendem. Jacó buscou a primogenitura pela negociação e pelo engano. Neste caso, ele estava querendo, ardentemente, uma coisa boa. A sucessão do patriarcado. “Digno de nota é que quase sempre, as pessoas pensam que a coisas que elas querem são boas”. No entanto, não justifica fazer o errado para obter o certo. No caso de Jacó, ele sofreu muito, por que os meios não foram legais. Em contrapartida, Esaú desprezou (vendeu) o seu direito de primogenitura. Este caso cabe, em outro momento, um aprofundamento. Por enquanto, entendemos que Deus observa as intenções do coração. E para Ele, elas têm um grande peso. Mas, mesmo que elas sejam adequadas, Ele prima pelo caminho correto. Neste caso, vemos toda a conseqüência que Jacó teve que enfrentar para assumir, a primogenitura, da família. Ele teve de assumir, antes, que era um enganador (dependente, limitado, necessitado), para depois se tornar um príncipe. Teve que se humilhar e entender que se Deus não fizer, não acontece. Coré, Datã, Abirão, que quiseram assumir o lugar e a posição de Moisés e Arão; por ser iguais, participar da mesma família, serem tão “santos” quanto os outros. Foram engolidos vivos pelo grande abismo.  Geazi, futuro profeta, se tornou um leproso sem futuro. Eliseu, seu mestre, pela Torá, se tornou o sucessor do grande Elias. Saul, forçosamente queria manter-se no trono; quando Deus o havia rejeitado. Davi, mesmo sabendo que o trono era seu, esperou e respeitou o tempo e a forma de Deus. Ananias e Safira, que quiseram se aparecer, falsa piedade. Mentindo e mostrando o que não eram; foram para o lugar dos falsos e mentirosos. Simão, o mágico, queria pelo dinheiro, comprar o poder de Deus. Seu coração era um fel de amargura e laço de iniqüidade. O poder de Deus; é de Deus. Ele dar a quem quer.

            A palavra nos orienta que não é por força e nem violência. Que operando Deus quem impedirá? Que nenhuma autoridade teria se do alto não te fosse dada. Que sem mim nada podeis fazer. Que Deus é que opera o querer e o realizar segundo a sua vontade. Que Deus distribui, a cada um, conforme lhe apraz. Que posso todas as coisas, NAQUELE QUE ME FORTALECE, etc. ‘Nós corremos mais riscos em não obedecer do que em obedecer ao Senhor’. Nós corremos sérios riscos se entrarmos onde Deus não mandou; em falarmos o que Ele não falou; em fingirmos o que ele não forjou; em resistir ao seu forjar; em querer ser mais do que Ele determinou; em ajudá-lo a fazer melhor, como se fossemos capazes; em usarmos de métodos e astucias diabólicas para o bem; em nos acharmos merecedores, tanto quanto, ou melhor, ainda, que os demais; em querermos ludibriar a Deus para nos promover; em forçar a barra para ficarmos, quando Deus disse vai.

            Não Torá na tora, é uma péssima opção. Deus sabe o que faz e Ele sempre faz bem feito. Precisamos confiar e esperar.  

Pr. Vanilson Alcântara